Ao longo da minha actividade profissional exerci, isoladamente ou com alguns Colegas, actividades de consultoria técnica, em empresas do sector da Borracha. Normalmente em resultado da Amizade com os respectivos proprietários. Actividades que nunca colidiram com a minha/nossa actividade profissional principal. Algumas das empresas onde foram desenvolvidas actividades (por ordem alfabética):
Após que foi atingida a situação de reforma, tive a oportunidade de ser solicitado para vários tipos de actividades: Assistência Técnica, Formação, Avaliação de Patrimónios Industriais e Peritagens. Realizei com muita satisfação sobretudo as actividades de natureza técnica realizadas em diversas empresas. A avaliação de patrimónios industriais também não constituía um trabalho de muito agrado. Sobretudo e quando também, num dos casos, não foi cumprido o pagamento da remuneração estabelecida neste caso por parte do gestor judicial… O que de resto não me surpreendeu… Do último tipo de actividade (Peritagens), guardo igualmente péssimas recordações, sobretudo pela morosidade no desenvolvimento dos processos e a lentidão dos Tribunais.
Vou descrever as principais actividades desenvolvidas nalgumas das empresas onde colaborei.
Esta primeira experiência de assistência técnica apresenta uma interessante história na sua génese e na sua evolução. Pode ser contada em quatro episódios.
1º Episódio
A empresa Flama – Fábrica de Louças e Electrodomésticos SA, em Cesar (S.J. da Madeira), contactou a Fapobol (concretamente o Senhor Engº Júlio Barreto – do departamento de Estudos e Orçamentos), no início do ano de 1985, para que se produzissem umas juntas de vedação para panelas de pressão. Eram de cor branca e deveriam resistir a gorduras alimentares, resistir ao calor (temperaturas da ordem dos 100-120ºC por longos períodos e deveriam ser adequadas, obviamente, para contacto com produtos alimentares. Não apresentaram qualquer especificação nem desenho, mas entregaram uma junta de vedação igual às que pretendiam, e também um molde (para moldagem por compressão), para a realização de eventuais experiências e eventual produção. O assunto passou, naturalmente, para a minha esfera de acção e procedi então ao desenvolvimento de um composto de borracha para o efeito.
O composto desenvolvido foi baseado em borracha de acrilonitrilo butadieno (NBR), com cargas de sílica e silicato, uma pequena dosagem de silano (um luxo, para a época, como se verá a adiante) e um sistema de aceleração sem enxofre mas com um dador de enxofre. Um sistema a fugir para uma vulcanização eficiente… No meu registo podem ser observadas seis tentativas para a obtenção de um composto com os 60-65 Shore A da amostra com as características físicas e reométricas qu estabelecemos. Silano sempre presente (desde a primeira tentativa) e um sistema de vulcanização igualmente sem alterações. O composto foi entretanto ensaiado em vários aspectos, com uma ênfase muito especial relativa: à deformação residual após compressão (compression set); à sua resistência aos óleos; e à sua resistência ao envelhecimento pelo calor. Das peças experimentais obtidas, apenas as da variante seis foram enviadas para o Cliente. Decorridas algumas semanas e depois de efectuados alguns ensaios pelo Cliente, este solicitou um orçamento para o fornecimento das referidas peças.
2º Episódio
Ora surgiu então um imponderável: a Gerência não autorizou a comercialização das juntas de vedação, com dois argumentos, que obviamente não me agradaram:
Não sei nem me recordo como o meu Colega Júlio Barreto terá reagido. Eu fiquei completamente desolado, depois de algum esforço na obtenção de um bom composto para a aplicação em causa. E lembro-me de lhe ter dito:
Fale o Colega com o Cliente, pois agora nada é comigo…
Sei que o Cliente visitou a Fapobol para conversar com o Colega Júlio Barreto, para saber o que se teria passado. Sei que fui chamado para a reunião para opinar uma forma de resolver o problema. Subcontratar o fabrico da peça numa empresa “amiga” não me pareceu nada adequado; além do mais, na época, não era uma modalidade muito adoptada. E propus o que me pareceu ser a única saída: “oferecer” a formulação ao nosso Cliente e ele ficaria com a liberdade para procurar um outro fabricante.
E assim foi, com o acordo do meu Colega Júlio Barreto!
3º Episódio
Soube posteriormente que a Flama solicitou o fabrico das juntas de vedação sobretudo a algumas empresas da região de S. J. da Madeira. A primeira – uma fábrica de artefactos bem credenciada, recusou a sua produção porque o composto das juntas de vedação… continha silano (matéria-prima um pouco estranha para a época…). Mais duas disseram que não produziam, sem invocar motivos. Até que as peças foram fabricadas numa das empresas da região. Ignoro, obviamente, se alteraram o composto e se utilizaram ou não silano. E assim aconteceu durante cerca de um ano…
4º Episódio
Em Maio de 1986 estava eu ao serviço da empresa Mabor-DAP quando recebo um telefonema da Exma. Srª D. Manuela Silva, Sócia e Gerente da empresa Ibotec, a solicitar a minha ajuda para o fabrico das referidas juntas de vedação. Solicitei a permissão da Exma. Administração da Mabor (a Mabor-DAP não produzia este tipo de artefactos), e após explicar os motivos do pedido que havia recebido, a autorização foi concedida.
E num final de tarde desloquei-me à empresa Ibotec, em Cesar. E então fiquei a saber que as referidas juntas de vedação estavam a ser fabricadas na Ibotec. Por um processo de moldagem por injecção. Com, aparentemente, o “meu composto”. Mas havia queixas dos clientes; as juntas de vedação dariam um gosto amargo aos alimentos, eram muito “moles” e contraíam quando utilizadas. Muito naturalmente quis ver a formulação utilizada e todo o processo de produção, desde a preparação da mistura até ao processo de moldagem por injecção e operações de acabamento. E que é que constatei:
Portanto, teria de comparar a formulação original com a formulação actual e tentar “corrigir” os aspectos que manifestamente o exigissem. Neste caso, para moldagem por injecção. E haveria também que constatar a veracidade do tal sabor amargo…os motivos para a baixa dureza das juntas de vedação e para o seu encolhimento…
E assim, num fim de tarde de um dia posterior, desloquei-me novamente à Ibotec, onde me esperava uma refeição de batatas e cenouras cozidas. Cozidas numa panela de pressão, equipada com uma das juntas de vedação reclamadas. E eu e os presentes não apreciamos, de facto, qualquer sabor amargo nos alimentos cozinhados.
Passamos então a discutir as alterações encontradas quando comparadas a formulação original e a formulação em uso. Alterações que seriam as responsáveis pelo diferente comportamento das juntas de vedação. Para as variações na dureza, e para o seu diferente comportamento na contracção. O composto desenvolvido na Fapobol destinava-se a moldagem por compressão; para moldagem por injecção o composto teria sido, seguramente, algo diferente. Com alguma surpresa, o composto em utilização continha um silano: não o silano Si-69 que eu havia utilizado, mas o silano 230.
O composto em utilização possuía diversas alterações relativamente ao composto inicialmente desenvolvido. Foi elaborado um composto alternativo, muito similar, com as matérias-primas existentes na empresa; e era um composto mais direccionado para o processo de moldagem por injecção. A produção foi então retomada, com um maior acompanhamento e um maior controlo. Para assegurar uniformidade no composto produzido e, portanto, nas suas propriedades. E voltaram a ser repetidos ensaios reais com as juntas de vedação, para avaliação do seu comportamento.
Em todo este processo foi extremamente útil um jovem engenheiro, em princípio de carreira, de seu nome Carlos Breda, que iniciava a sua carreira na Indústria da Borracha. Colega que actualmente é o Director de Produção na empresa Multiborracha Lda, em Alfena, Valongo. Este Colega viria a dar-me uma preciosa, uns anos mais tarde, na empresa Polímeros do Ave, SA, no arranque de uma máquina espiraladora. Um outro pequeno filme da minha vida profissional. Talvez o venha a descrever…
Mantive o apoio técnico a esta empresa durante mais alguns meses (concretamente até Junho de 1987), momento em que pensei que a minha presença já não era necessária.
“Estudo de Mercado para Composições de Borracha em Portugal.”
Este estudo decorreu durante um ano (ano de 2002). Após a elaboração dos Relatório Final, a empresa procedeu a um estudo da sua viabilidade económica. Embora o projecto fosse considerado viável, a verdade é que não avançou. Ao que parece, pelo facto de outras empresas fornecedoras de compostos de borracha – mais exactamente, de compostos para recauchutagem, se proporem abastecer o mercado nacional com compostos de borracha para aplicações técnicas. Tal como previ na época – e possuo documento escrito – a verdade é que nunca tiveram uma resposta cabal para esse tipo de compostos… pela lamentável falta de um departamento devidamente equipado com meios humanos e técnicos, para o desenvolvimento desse tipo de compostos. Aos potenciais clientes, sempre lhes era exigido o fornecimento das formulações…
A realização deste estudo permitiu-me visitar 91 empresas localizadas em Portugal e na região da Galiza, Espanha. Uma boa parte das empresas permitiu-me visitar as suas instalações (a maior parte, empresas de maior envergadura), o que me possibilitou ficar com uma melhor panorâmica da realidade portuguesa na Indústria da Borracha. Foram as seguintes empresas (por ordem alfabética) que me permitiram visitar as suas instalações:
Portanto visitei 21 empresas, num universo de 91, ou seja, 23%. Das 70 empresas restantes, 18 já as havia visitado noutras circunstâncias.
A realização deste estudo não foi muito bem digerido por algumas empresas nacionais; uma estória que poderá, eventualmente, dar origem a um outro escrito, para memória futura…
Produção de Compostos de Borracha – Remodelação da Unidade de Produção da empresa Donasola. Trabalho efectuado em Novembro/Dezembro de 2002.
A misturação de compostos de borracha nas empresas Procalçado SA e Probol SA.- Estudo técnico-económico, Abril de 2003.
Consultoria técnica realizada em parceria com o meu Colega Joaquim Matos. Decorreu no período Setembro de 2003 a Outubro de 2004. Em Agosto de 2004 foi solicitada a Auditoria de Homologação. A Homologação foi obtida, sem não-conformidades. Foram atribuídos os Certificados de Homologação E21 108R-020009 e E21 109R-020012.
Consultoria técnica realizada em parceria com o meu Colega Joaquim Matos. Decorreu no período Maio de 2004 a Novembro de 2004. Em Outubro de 2004 foi solicitada a Auditoria de Homologação. A Homologação foi obtida, com quatro pequenas não-conformidades, de imediato corrigidas. O certificado foi obtido em Maio de 2005, após nova auditoria.
Consultoria técnica realizada em parceria com o meu Colega Joaquim Matos. Decorreu no período Fevereiro de 2005 a Outubro de 2005. Em Outubro de 2005 foi solicitada a Auditoria de Homologação. A Homologação foi obtida, sem não-conformidades e o Certificado de Homologação enviado em Maio de 2006
Consultoria técnica realizada em parceria com o meu Colega Joaquim Matos. Em Abril de 2005 a Recauchutagem União SA de Viseu solicitou os nossos serviços para corrigir documentação elaborada por um outro técnico, para o seu Processo de Homologação (Regulamentos 108 e 109). A documentação enviada para a DGV havia sido recusada, por falta de alguns elementos importantes. Assim e para completar a documentação já existente, elaboramos duas Especificações Técnicas, 8 Instruções de Trabalho e 2 Procedimentos. Elaboramos também toda a documentação relativa a reparação de pneus, pois nada constava na documentação inicialmente elaborada. Foi reenviada a nova documentação a qual, após aprovação da DGV, permitiu requerer a Auditoria de Homologação. Esta foi conseguida, sem não-conformidades e o Certificado de Homologação foi enviado em Fevereiro de 2006.
Esta actividade resultou de uma recomendação do meu Colega e Amigo Francisco Ameigeiras. Decorreu no período de 2006 e 2007.
Avaliação de equipamentos para produção de borracha e de componentes em borracha para o fabrico de calçado da empresa Decorsola, Lda, com instalações fabris em Cerdeira das Ervas, Macieira da Lixa, Lixa. Trabalho efectuado em Dezembro de 2006.
Trabalhos de diagnóstico, efectuados entre Março e Maio de 2007, com elaboração do respectivo Relatório Final.
Avaliação de equipamentos para produção de borracha e de componentes em borracha para o fabrico de calçado da empresa Sokualy, Indústria de Borracha Lda, com instalações fabris em Britelo, Celorico de Basto. Trabalho efectuado em Agosto de 2010.
Este contrato foi estabelecido na fase preparatória da Acção de Formação levada a efeito na empresa Segures Têxtil em Maio/Junho de 2014.
Este Contrato teve a duração de 1 ano e decorreu entre 1 de Setembro de 2015 a 30 de Agosto de 2016.
Este Contrato teve a duração de oito meses e decorreu entre 1 de Maio de 2016 e 31 de Dezembro de 2016.