Selecção e Dosagem de Ingredientes
Feita a selecção da borracha ou borrachas, coloca-se agora o problema de seleccionar o Subsistema de Reforço, ou seja, seleccionar o tipo e o nível de dosagem da carga ou cargas que vão ser incorporadas. Nas páginas Cargas descrevemos as propriedades das cargas em geral, as cargas minerais não negras e os negros de carbono.
Numa primeira abordagem, será determinante para a selecção da carga ou cargas, saber qual a cor pretendida para o composto de borracha. Se a cor for natural (cor natural do composto, sem qualquer tipo de pigmentação), branca ou colorida, as cargas de negros de carbono estão obviamente postas de parte. Pequenas quantidades de negro de carbono poderão ser eventualmente utilizadas para afinação de tonalidades, em borrachas coloridas; mas terá de ser um tipo de negro de carbono não manchante. Resta-nos então seleccionar, das cargas não negras, a carga ou cargas a utilizar.
Os compostos de cor negra podem comportar, além dos negros de carbono outros tipos de cargas, normalmente com a finalidade de reduzir o custo do composto. Não é o caso do uso de negros de carbono e de sílica, no fabrico de alguns compostos para o fabrico de pneus, pois que aqui existem razões de natureza técnica (resistência ao rolamento e o aquecimento dos pneus); de resto, o preço das sílicas precipitadas ombreia com os dos negros de carbono. Noutros casos ainda, a utilização de cargas claras apresentam justificações de natureza técnica (por exemplo, a utilização de cargas com partículas do tipo lamelar em compostos com requisitos de impermeabilidade a gases).
Na selecção das cargas, sejam elas não negras sejam de negros de carbono, terá sempre de se entrar em linha de conta com vários factores, como sejam:
Recomenda-se que seja consultada, sempre que necessário, a documentação técnica disponibilizada pelo fabricante ou pelo fornecedor relativa aos vários tipos de cargas utilizadas. Muita dessa documentação descreve o efeito da carga nos vários tipos de borrachas, em termos de variação de dureza, de módulo, tensão e alongamento na rotura, resiliência, resistência ao rasgo, propriedades dinâmicas, efeito na vulcanização, etc.
Alguma literatura exibe mesmo tabelas de formulação por dureza: indica o número de partes de carga para que a dureza do composto aumente ou 1 ou 10 pontos de dureza, isto para vários tipos de borracha. É o que se mostra no Quadro 7, para o qual recomendamos seja utilizada com alguma prudência:
Com efeito, e a título de exemplo, o teor de estireno ligado (bound styrene) nas borrachas de SBR pode variar entre 5,5 e 60%. As borrachas SBR referidas na Tabela 5 (ver aqui), das séries 1500 e 1700 possuem entre 9,5 e 40,5% de estireno ligado. Também o teor de óleo presente influencia naturalmente a dureza base; para as borrachas SBR da série 1700 referidas na Tabela 5, o teor de óleo pode variar entre 25 e 75 PHR. Porém, para os tipos mais correntes de borracha SBR, das séries 1500 ou 1700 o teor de estireno ligado é de 23,5%; e nas borrachas estendidas com óleo a quantidade deste (embora varie também o tipo de óleo) é normalmente, nos tipos mais correntes, de 37,5 PHR.
Outro exemplo que se pode apresentar é o caso das borrachas de Acrilonitrilo butadieno (NBR). Na Tabela 11 (ver aqui) refere-se apenas NBR; mas o teor de Acrilonitrilo pode variar entre 15 e 51%. Os tipos de utilização mais corrente são os de teor médio, os quais possuem entre 30 e 37 % de Acrilonitrilo.
A cor do composto de borracha é, normalmente, especificada pelo cliente: tanto pode ser exigido um composto de cor preta, como um de determinada cor (definida, por exemplo, pelo sistema RAL), como um translúcido ou como um transparente. A cor do composto de borracha é determinante na selecção do tipo de carga ou cargas a utilizar. A maioria dos artefactos de borracha possui a cor preta; mas em muitas aplicações, a utilização de cores surge por variados motivos:
Estas são apenas algumas das razões que explicam o porquê das cores dos diversos produtos de borracha.
De acordo com a cor e com o grau de reforço pretendido, será efectuada a selecção da carga ou cargas a utilizar. Genericamente, a regra é a seguinte:
Quando são utilizadas cargas inorgânicas há que tomar em consideração, se o artefacto em serviço estiver em contacto com substâncias químicas, que as cargas presentes não reagem com essas substâncias. Caso estas substâncias possuam características ácidas – mais ou menos fortes – podem reagir com cargas como carbonatos e provocarem uma degradação do artefacto. É pois importante verificar qual a estabilidade das cargas inorgânicas que se pensa utilizar perante o meio químico envolvente.
Se o composto a desenvolver for de cor preta, o sistema de reforço poderá comportar um ou mais tipos de negro de carbono. Na sua selecção devem ser tomados em linha de conta vários factores, nomeadamente: