Sistemas de Ligação In-Situ

Vimos até agora sistemas de ligação de borracha a diversos tipos de substratos, em que a ligação é obtida directamente no processo de vulcanização e após uma cuidada e adequada preparação do substrato e sem que no composto de borracha fosse introduzido qualquer agente que viesse a tomar um papel decisivo e determinante no Processo de Adesão.

Nos chamados Sistemas de Ligação In-Situ, os agentes ou promotores de adesão são introduzidos no composto de borracha e estes são responsáveis pela adesão obtida entre a borracha e telas têxteis sem que estas tenham sofrido qualquer tratamento especial, isto é, encontram-se no mesmo estado em que se encontram à saída do tear.

Neste tipo de sistemas, é adicionado ao composto de borracha resorcina (ou um condensado de resorcina/formaldeído) com um dador de metileno; estes agentes permitem a obtenção de níveis moderados de adesão, que podem ser francamente melhorados pela adição de sílica precipitada. Daí, o sistema ser conhecido por RFS – Resorcina/Formaldeído/Sílica. Como dador de metileno foi inicialmente utilizado HMTA – hexa metileno tetra amina; mas, devido à sua interferência no sistema de aceleração da vulcanização, foi substituído por outros dadores de metileno, tais como hexemetoxi metil melamina (HMMM) ou nitrometilpropanol (NMP).

Este sistema foi utilizado com êxito em telas de rayon e de poliamida; apresenta também melhorias sensíveis com telas de algodão. Contudo, com telas de poliéster os valores de adesão não são satisfatórios, pelo que implica que as telas sejam previamente tratadas por um sistema RFL – resorcina/formaldeído/Látex; por outro lado, a selecção do dador de metileno tem de ser muito criteriosa, pois aminas residuais do processo de decomposição causam uma apreciável perda de resistência mecânica das fibras de poliéster. Para cada tipo de fibra, o valor da adesão depende da relação de resorcina para formaldeído. Aos tratamentos das telas com banhos RFL segue-se normalmente um tratamento térmico de estabilização das fibras: a termofixação (thermosetting). É que as fibras de poliamida e de poliéster possuem uma tendência para encolher com aumentos de temperatura (especialmente as poliamidas). Então, se as telas forem submetidas a uma alta temperatura (temperatura de termofixação), sob tensão, então ocorre uma estabilização das fibras e as telas mesmo submetidas a qualquer temperatura inferior à temperatura de termofixação, apresentam uma pequena tendência para encolher (encolhimento residual).

Um outro sistema também utilizado para adesão directa a têxteis, consistia na adição de um Isocianato (solução, em acetato de etilo, de tio fosfato de tri (p-iso fenil cianato), para vários tipos de borrachas (NR, SBR, CR, CSM, NBR, IIR, AU e EU), ou uma mistura de um organopolisiloxano com uma resina de organohidrogenpolisiloxano, um catalisador de platina (vulcanização com peróxido), para o caso de borracha de silicone (VMQ).

Pode também considerar-se um sistema de ligação In-Situ ao sistema que consiste na incorporação de compostos de cobalto nos compostos de calandragem de cord metálico para o fabrico de pneus (cords em aço com a superfície previamente latonada). A introdução de naftenato de cobalto nos compostos de borracha ocorreu em 1957, na empresa americana U.S. Rubber Co.. Os compostos de cobalto evoluíram mais tarde para o acilato de boro e cobalto, neodecanoato de cobalto e estearato de cobalto, que são actualmente os mais utilizados.