Agentes de Superfície
Agentes Antideslizantes
Formulação de Compostos de Borracha com Agentes Antideslizamento
Na versão original deste tema, referi as lecitinas hidroxiladas como um agente promotor de características antideslizantes. As lecitinas hidroxiladas são lecitinas modificadas com grupos hidroxilo; as lecitinas são, por sua vez, substâncias gordas, presentes em tecidos de origem animal ou vegetal, e são constituídas por colina (faz parte de vitaminas de complexo B), glicerol, triglicerídeos, ácidos gordos, fosfolipídeos e glicolipídeos. Este tipo de utilização foi patenteado: Patente US 5356466, de 18 de Outubro de 1994. Esta substância é aplicada na superfície dos artefactos de borracha sob a forma de uma dispersão. Um tipo de solução que não me agrada sobremaneira! Um tanto semelhante à aplicação de revestimentos especiais (coatings) na superfície dos tapetes ou dos pavimentos…
A adição aos compostos de borracha de cargas minerais abrasivas ou das chamadas bio cargas (bio fillers) (cascas de nozes, amêndoas, pistachios, etc., adequadamente moídas e micronizadas) constitui uma forma de conferir aos compostos de borracha adequados coeficientes de atrito, isto mediante a selecção do tipo de abrasivo na granulometria mais adequada e utilização de uma dosagem também devidamente aferida. Obviamente que a adição destes materiais introduz alterações nas características físicas, mecânicas, reológicas e tribológicas do composto de borracha, que merecem grande atenção, pois podem prejudicar alguns dos requisitos especificados. Saliente-se que a resistência à abrasão é, por regra, melhorada.
No Quadro 1 são indicados os materiais abrasivos mais utilizados como agentes antideslizantes, a sua dureza Mohs e a sua densidade.
Estes materiais, que são correntemente utilizados em operações de decapagem, existem em várias granulometrias e, nalguns tipos, com diferentes formas das suas partículas constituintes.
A sua aplicação destes materiais em compostos de borracha não está ainda muito estudada e ainda menos divulgada. Daí que a sua utilização exija ao técnico formulador um trabalho experimental muito elaborado; uma boa selecção do tipo de abrasivo, com uma adequada granulometria e um nível de dosagem também bem aferido, para o efeito pretendido, como já atrás referimos.
Um estudo relativamente recente, sobre este tema, foi publicado em Março de 2021 na revista Rubber World: “Almond Production Residues as Natural Rubber Fillers”, Autores Colleen McMahan, Lennard Torres, Delilah Wood, William Orts, da empresa Wagner Agricultural Technologies LLC.
Neste estudo pode ser observada a variação de várias propriedades com a variação nos níveis de dosagem de negro de carbono N550 e de granulado de casca de amêndoa.
