Agentes de Superfície
No processamento dos compostos de borracha, sejam estes misturas-mãe, compostos não finalizados ou compostos finalizados, geralmente é necessário que os compostos sejam acondicionados para posterior utilização. E as diversas formas como são acondicionados, seja em manta contínua, placas, tiras, folhas calandradas, secções extrudidas, preformas ou granulados, devem possibilitar que a sua posterior fase de utilização decorra sem quaisquer problemas, em particular aqueles que possam decorrer de um maior grau de pegajosidade.
Vamos ver a forma de contornar, de forma transitória, este problema. Tal é conseguido com a utilização dos chamados Agentes Antiaderentes (Antitack Agents). O Agente Antiaderente estabelece uma barreira física entre duas superfícies do composto de borracha, o que impede o seu contacto directo e, portanto, a possibilidade da sua adesão. O Agente Antiaderente, que não se apresente sob a forma de pó (como, por exemplo, talco finamente dividido ou um estearato em pó) é geralmente veiculado em suspensões ou soluções aquosas de substâncias tais como:
Ao Agentes Antiaderentes devem apresentar-se como suspensões ou soluções estáveis e não devem formar espuma. Por esta razão, muitos contêm agentes antiespuma. Devem ser aplicadas à temperatura ambiente e depois de secos devem dar origem à formação de uma película que fique bem aderida na superfície do composto de borracha. Por outro lado, as substâncias presentes no Agente Antiaderente devem ser compatíveis com o elastómero ou elastómeros do composto de borracha. Esta compatibilidade é fundamental, pois que, numa fase posterior de processamento, estas substâncias são incorporadas no composto de borracha. É por esta razão, que dissemos que o efeito do Agente Antiaderente é transitório.
Vejamos agora a utilização de Agentes Antiaderentes nalgumas fases de processo.
Os compostos de borracha, pós operação de Mistura, são acondicionados sob a forma de placas (ou mantas contínuas), geralmente em paletes (Figura 1). Para que as placas ou mantas não adiram entre si nas sucessivas camadas, devem ser previamente imersas numa solução de Agentes Antiaderentes, de forma a possibilitar, posteriormente, a sua fácil utilização. Para o efeito, e como vimos nesta página, a manta à saída do misturador aberto e à entrada do arrefecedor, é mergulhada numa suspensão/solução antiaderente, seguindo depois para a zona de arrefecimento.
Figura 1 – Manta contínua de borracha com antiaderente, acondicionada em palete. Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Os compostos finalizados podem ser apresentados, para posterior utilização, em variadas formas. Uma forma de apresentação muito vulgar é sob a forma de tiras (Figura 2); e as tiras podem ser obtidas, por corte, no sistema arrefecedor (ver aqui). E, visto que a manta de borracha passa geralmente por um tanque com antiaderente, não aderem entre si e podem ser facilmente separadas.
Figura 2 – Manta contínua de borracha com antiaderente, cortada em tiras e acondicionada em palete. Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Por vezes, e por razões técnicas, o Cliente pode pretender receber a borracha sem antiaderente; neste caso, para evitar a colagem das placas de borracha, são utilizados, em geral, separadores, por exemplo, em filme de polietileno (Figura 3).
Figura 3 – Manta de borracha sem antiaderente, acondicionada em palete, com separadores de polietileno. Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
No caso de as tiras de borracha serem obtidas por um outro processo (por exemplo, por corte, num misturador aberto) (Figura 4), as tiras devem ser mergulhadas igualmente num agente antiaderente, secas e acondicionadas em paletes, tal como é mostrado na Figura 5. Esta operação é realizada, por vezes, associando ao misturador aberto uma máquina (strip-off), onde a tira de borracha é mergulhada e posteriormente seca.
Figura 4 – Obtenção de tira de borracha em misturador aberto
Figura 5 – Borracha em tiras, com antiaderente, acondicionada em contentor metálico.
Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Menores quantidades de tiras de borracha podem ser fornecidas em caixas de cartão, devidamente protegidas, como se mostra na Figura 6.
Figura 6 – Borracha em tiras, com antiaderente, acondicionada em caixa de cartão. Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Uma outra forma muito vulgar de apresentação é a de preformas (ver aqui). As preformas são, a maior parte das vezes, mergulhadas numa suspensão de antiaderente, secas e posteriormente acondicionadas em caixas de cartão (Figura 7), ou em pequenas grades de plástico (Figura 8), umas e outras adequadamente protegidas.
Figura 7 – Borracha em preformas, com antiaderente, acondicionada em caixa de cartão.
Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Figura 8 – Borracha em preformas, com antiaderente, acondicionada em grades em plástico
Os compostos de borracha podem também ser apresentados em formas obtidas por extrusão, as quais podem ser acondicionadas de diversas maneiras (paletes, grades, caixas, bobines, etc. Na Figura 9 é mostrada uma forma extrudida acondicionada em bobines.
Figura 9 – Secção extrudida de borracha, com antiaderente, acondicionada em bobine.
Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)
Nalguns tipos de processos, como por exemplo, processos de extrusão e em processos de moldagem por injecção, os equipamentos são abastecidos por compostos de borracha na forma de grânulos (ver aqui). Quando adquiridos a terceiros, os compostos granulados são muitas vezes acondicionados em caixas de cartão, adequadamente protegidos (Figura 10). Os agentes antiaderentes normalmente utilizados, na forma de pó, são o estearato de zinco, o talco e alguns tipos de ceras micronizadas.
Figura 10 – Compostos de borracha granulada, com anti aglomerante, fornecidos em caixas de cartão. Por cortesia da empresa Elastorsa, SA (Arnedo, La Rioja, Espanha)